quarta-feira, 30 de julho de 2014

O IMPORTANTE É TER HISTÓRIAS PARA CONTAR - PARTE 11

Ou: Porque deveria achar que minha carreira de músico não daria certo,
Ou: A primeira viagem a nunca esquece,
Ou: Pela segunda vez, a primeira.

Não, não vou falar sobre experiências com drogas.

Vou contar, no que memória permite lembrar, sobre a primeira vez que minha banda foi tocar fora de Salvador da Bahia.

Parte 1 - As semanas que antecederam o evento

Tinha uma banda com uns amigos, e nessa época, falo de 22 anos passados, numa fase de dureza extrema e hábitos exagerados, tocávamos aos fins de semana num bar para basicamente pagar o consumo da semana que passou.

De tanto tocar, mantivemos uma relação de "escambo etílico-musical" com o dono do bar. O negócio era tão bom (pra ele) que em pouco tempo ele abriu uma filial na gloriosa cidade de Aracaju.

Como não poderia deixar de ser, fomos "convidados" para tocar na inauguração dessa filial, que segundo o dono do empreendimento, seria a "maior casa de shows do Nordeste".

Durante as semanas que antecederam intergaláctico evento de nossas vidas juvenis, a expectativa e os preparatórios da banda aconteceram de maneira frenética: ensaios, arranjos, repertório, além da pressão do dono do bar, que ia aos ensaios para certificar que tudo sairia conforme a grandiosidade do evento. 

Parte 2 - O Estabelecimento Comercial

O bar, ah, o bar...

Apesar de ser um estabelecimento "de rua",acanhado, tinha uma programação cultural variada, com a gente tocando aos domingos, voz e violão durante as semanas e nas quartas feiras, shows com transformistas. Tinha atração para todo o tipo de gosto.

É o famoso "era ruim, mas era bom".

E para a inauguração da filial, iríamos nós, mais uma banda de pagode, as "meninas" e mais um monte de agregado, vizinho, criança, papagaio e afins.

Parte 3 - A viagem

Após tantas expectativas, num sábado pela manhã, estávamos ansiosamente prontos. E desde o começo deveríamos imaginar que o que seria uma simples viagem para fazer uma apresentação musical se transformaria numa aventura (porque não dizer, uma roubada).

Foi alugado um ônibus para transportar a trupe, mas o desditoso veículo tinha pelas nossas contas uns 15 anos e estava bastante judiado pelo tempo. Como tudo era festa até então, nem demos atenção a esse fato...

Todo mundo acomodado, com um violão e bebida, as oito da manhã saímos rumo a Aracaju.

Depois de umas duas ou três horas de viagem, eis que ônibus para, quebrado.

Passamos o resto da manhã e o boa parte da tarde no meio do nada, sem nenhuma cidade por perto, esperando pelo conserto da "aeronave".

Nessa época não tinha Linha Verde, o percurso era feito pela BR e celular nem em filme de ficção cientifica. Para resolver a situação, depois que o motorista e os "mecânicos" não conseguiram resolver a situação, saímos em busca de ajuda.

A essa altura, já tomamos toda a bebida, a animação acabou, chegou a sede e a fome. E todo mundo com dinheiro contado...

Depois de muito tempo, não lembro como, consertaram o ônibus e seguimos viagem, rezando para o ônibus não quebrar de novo.

Parte 4 - A chegada

Já era uma 8 da noite quando a gente chega finalmente em Aracaju no lugar combinado com a comitiva de recepção, mas devido ao adiantado da hora e o cuidado do "contratante" simplesmente não tinha ninguém lá....

Todo mundo cansado, sem dinheiro, num lugar que ninguém te conhece, com instrumentos musicais e equipamentos dentro do ônibus. Um quadro verdadeiramente animador.

Depois de muita movimentação, encontraram o pessoal e nos dirigimos até a "maior casa de espetáculo do nordeste".

Parte 5 - "A maior casa de espetáculo do Nordeste"

Já umas onze da noite ou mais chegamos no estabelecimento. Até hoje procuro a maior casa de espetáculo do Nordeste... de todas as referências que nos foram dadas do lugar, as únicas coisas que conferiam era o fato de ser uma casa e estar no Nordeste brasileiro...

Uma casa velha, com reboco das paredes caindo ao pedaços, com uns pilares que pareciam dançar e sem nenhuma indicação do que era ou que seria era o que nos esperava... Cenário de filme de terror, num bairro de subúrbio em Aracaju.

Não tinha esquema de som, de luz, de nada....

O desespero começou a bater quando tinham nos prometido que no local ia ter lugar para nos instalarmos. Em parte estavam certos, porque lugar no chão tinha à vontade para escolher e dormir...

Como não tinha muito a se fazer, cada um se virou como pode e eu "dormi" no ônibus...

Parte 6 - O domingo

O que pode se fazer numa cidade estranha com dinheiro somente "do ônibus" e com uma muda de roupa apenas?

A galera se cotizou para tomar o café e almoçar. Até acontecer a apresentação da banda, cinco horas da tarde, tivemos a ousadia de conhecer a praia da cidade, na vadiagem total. 

Isso porque passava um ônibus pra ida e outro pra volta onde estávamos.

Parte 7 - A apresentação e a volta

Não lembro de nada do que aconteceu... Mas fiquei uns 15 anos sem ir a Aracaju.....






domingo, 27 de julho de 2014

O IMPORTANTE É TER HISTÓRIAS PARA CONTAR - PARTE 10

Ou: senhoras e senhores, vos apresento Cícero, o cicerone sincero.

Viajar é bom, viajar renova, viajar faz você ficar alegre, viajar faz você gastar o seu dinheiro em coisas que normalmente não gastaria.

Uma das coisas boas de fazer uma viagem é conhecer a cultura, lugares e pessoas diferentes.

Por isso o ideal á não contratar pacotes de viagem, por limitar completamente as possibilidades de conhecer melhor os lugares e ficar na mão dos guias que te levam sempre para os lugares convenientes para ELES .

Mas, nem sempre isso é possível e certa vez contratamos um passeio para fazer o roteiro padrão para turistas, e nesse momento tivemos a felicidade de conhecer Cícero, o cicerone sincero.

Combinamos horário e lá estava ele, depois de terminar a "coleta" vamos para os passeio e na primeira parada, descobrimos o lado sincero e franco de Cicero, que sem cerimônias falou:

"...Pessoal, aqui a direita vocês estão a vendo a casa tal. construída em tal ano, e tal monumento em homenagem a tal situação. Agora, a estátua tá feia assim porque os políticos daqui não se preocupam muito com esse lado da cidade, não. Aqui é bonito tem tal museu, mas não venham aqui não porque aqui é cheio de ladrão, não vale a pena não...."

Passeio continua e ele explicando:

"...Pessoal nosso passeio agora agora vai para tal lugar, vamos ficar tanto tempo, chegando lá, tem lugar pra comer, e fazer compras, agora, se vocês forem comprar lembranças lá é tudo muito caro, não vale a pena compra lá não... No centro da cidade tem lugares mais baratos...."

Já agradecido por Cícero me fazer economizar alguns tostões em bobagens, o passeio seguia, em outra parada ele solta:

"...Pessoal, vamos parar agora em tal lugar, mas vou avisando que dia de hoje aqui é HORRÍVEL, tem muita gente, vendedor te atrapalhando toda hora e muito malandro... melhor é a gente passar rapidinho para vocês conhecerem e a gente segue o passeio..."

Enquanto isso ele vai falando das coisas do lugar, passeios, coisas bacanas e algumas considerações, como manda o figurino.

Chegando em nosso destino, ele chega pra mim no canto e fala, para fechar o passeio, manda:

"...ó, se te oferecem tal passeio, não vá não, viu? já aconteceram dois acidentes e duas pessoas morreram...."

Agradecido a Cícero, o cicerone sincero, por preservar minha integridade física e financeira, continuamos o passeio e chegamos vivos em casa...






LET´S TALK ABOUT - FÓRMULA 1 - GP DA HUNGRIA

Grande Prêmio da Hungria 2014
27/07/2014 Hungaroring - Budapeste

Gostar de automobilismo é algo que algo não tem explicação. Os detratores não o consideram como esporte, ou que são carrinhos dando voltas e voltas que não chegam a lugar nenhum. Mas a competição, o desafio em superar os limites, a imprevisibilidade, a tecnologia aplicada tudo isso para se ganhar um pentelhésimo de segundo e superar os concorrentes, onde os detalhes fazem a diferença entre a vitória e o resto, fazem das corridas de automóveis durante cerca de duas horas uma síntese do que é a vida...

Por mais que se explique, não dá para exprimir em palavras o que é gostar de corridas de carro, e em especial de corridas de Fórmula 1. Mas o que aconteceu hoje na Hungria consegue em parte evidenciar o que é essa paixão...

Uma corrida na acepção da palavra, com todos os ingredientes para aqueles que não entendem, entender o que é essa paixão. Foi absolutamente lindo de ser ver.

Antes de mais nada a pista de Hungaroring é a segunda pista mais lenta de toda a temporada, perdendo apenas para a de Mônaco, de rua. Com poucas retas e muitas curvas, são 14 nos 4,381 Km de extensão, ultrapassar nessa pista não é tarefa das mais fáceis nessa pista de baixa velocidade, o que proporciona ou corridas extremamente chatas ou espetaculares como a de hoje.

E o que vimos hoje, foi para a história.

Teve chuva, ultrapassagens, disputa por posições, acidentes, interrupções, indefinições do clima, enfim, totalmente indefinido até a bandeira final, onde os detalhes fizeram a diferença.

Ante estas variáveis, podemos dizer exageradamente que foi uma corrida maluca.... 



Dos destaques, podemos começar pela parte de baixo da classificação:

Pastor Maldonado
Bateu nos outros, rodou, quase quebrou e ainda assim conseguiu chegar em 13o. Para melhorar, ainda viu Grosjean bater sozinho durante o safety car. Permanece em 2015 lastreado pela PDVSA, a Petrobrás deles.

Kimi Raikkonen: Numa corrida sem sal nem pimenta, merece destaque por largar em 16o e chegar em 6o.

Lewis Hamilton: embora não chegou em primeiro, foi o grande vitorioso do dia. Largou dos boxes, saiu da pista, teve o aerofólio dianteiro danificado e chegou em terceiro. Esperava-se que sairia da corrida com uma distância universal atrás do Nico Rosberg, mas acabou que ao chegar à frente do companheiro de equipe, reduziu a diferença de 14 para 11 pontos.

Nico Rosberg
Talvez o grande perdedor, largou na frente, teve problemas nos freios e apesar da reação na parte final da corrida chegou em 4o, exatamente atrás do Hamilton.

Daniel Ricciardo
Não tem muito pra falar do único esse ano que bateu as Mercedes e está botando, somente, Vettel no bolso.

Menção Honrosa
Fernando Alonso: mais uma corrida em que mostrou que atualmente é o melhor entre todos e entra fácil na lista de melhores de todos os tempos.

Menção Horrorosa 
Equipe Williams
Jogou no lixo a ótima corrida dos seus dois pilotos com uma estratégia inexplicável.